Epicondilite medial
Sobre Epicondilite medial
O QUE É?
Para entender a Epicondilite Medial é preciso antes conhecer um pouco sobre as estruturas ósseas que formam a articulação do cotovelo. Ele é formado pelo úmero (o osso do braço, entre o ombro e o cotovelo) e por dois ossos do antebraço (o rádio e a ulna, entre o cotovelo e o punho). Na região onde esses três ossos se articulam está o cotovelo. Ele apresenta duas proeminências ósseas, uma de cada lado, que são importantes referências anatômicas: os epicôndilos. Uma proeminência óssea do cotovelo que fica voltada para o seu corpo (para dentro) e outra que fica na parte direcionada para fora do corpo. Aí estão os seus epicôndilos medial e lateral, respectivamente.
No epicôndilo medial fica a origem dos tendões dos músculos flexores do punho. O comprometimento destes tendões/músculos constitui o que chamamos de Epicondilite Medial.
Embora seja chamada de Epicondilite, designação dada a fisiopatologias que envolvem um processo inflamatório, diversos estudos não apontam qualquer evidência de inflamação na mesma. Na verdade o que ocorre quando há lesão dos tendões dos músculos responsáveis pela flexão do punho é uma aplicação de tração contínua por repetição (movimentos repetitivos), resultando em micro-rupturas dessas estruturas anatômicas (as lesões propriamente ditas), seguidas de fibrose, formação de tecido de granulação e falha no processo de reparo, o que, por fim, caracteriza mais degeneração do que inflamação.
QUAIS AS CAUSAS? E O GRUPO DE RISCO?
A Epicondilite Medial também é conhecida como “Cotovelo de golfista”, justamente por ser muito comum em praticantes desse esporte, especialmente jogadores profissionais. Em geral acontece quando os tendões (dos músculos flexores do punho) são muito solicitados – o que ocorre no golfe, onde movimentos repetitivos envolvendo a região são amplamente realizados.
Mas, apesar de ter esse nome popular, outras atividades também podem levar à Epicondilite Medial. Pintores, músicos e profissionais que manipulam máquinas pesadas podem desenvolver a doença por conta da repetição excessiva dos movimentos. Praticantes de outras atividades esportivas, como o tênis, a musculação (excessiva) e esportes de arremesso (como baseball e arremesso de peso) também desenvolvem a Epicondilite Medial com bastante frequência.
O tipo mais comum de Epicondilite é a Epicondilite Lateral, que acomete o epicôndilo lateral, e também é conhecida como cotovelo de tenista (do inglês, tennis elbow). Apesar disso, a Epicondilite Medial atinge ainda cerca de 0,5% da população em geral. O grupo de risco é formado, principalmente, por pessoas ativas (nas práticas dos esportes citados e também profissionalmente) com idade entre 40 e 55 anos.
QUAIS OS SINTOMAS?
A dor no cotovelo, na região do epicôndilo medial (a parte do cotovelo virada para o corpo) é o principal sintoma da Epicondilite Medial. Alguns pacientes podem sentir a dor irradiando pelo antebraço, na parte inferior, como se fosse em direção ao punho e dedo mínimo da mão, além de rigidez e dificuldades para movimentar o cotovelo.
A fraqueza e a dificuldade em levantar e abaixar o punho também são sintomas recorrentes. É comum que a pessoa sinta uma perda de força gradual, durante o dia, enquanto for realizando as atividades cotidianas mais comuns.
COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO?
Por meio dos relatos do paciente, sintomatologia (interpretação dos sintomas) e uma série de testes físicos, o especialista consegue, na maioria dos casos, já identificar a Epicondilite Medial.
Quando necessário, podem ser solicitar exames de imagem, como ultrassom, raio-X e ressonância magnética, para eliminar outras patologias e confirmar o diagnóstico.
QUAL O TRATAMENTO?
A Epicondilite Medial do cotovelo, assim como a Epicondilite Lateral, como já foi citada, é causada por movimentos repetitivos e/ou de sobrecarga. Sendo assim, o repouso prolongado é capaz de proporcionar ao corpo uma chance para se auto-regenerar. Entretanto, esse tempo de recuperação seria longo, algo em torno de 6 à 9 meses de repouso (dependendo muito da gravidade da lesão e do nível de comprometimento funcional), e a chance de recidiva na retomada das atividades após esse longo período seria muito grande, provavelmente por conta do despreparo muscular e o desequilíbrio biomecânico instalado como consequência da disfunção.
Sendo assim, o tratamento mais apropriado e o que apresenta maiores índices de sucesso é a fisioterapia.
O controle do nível de stress mecânico sobre o local da lesão é de suma importância, envolvendo restrições das atividades repetitivas ocupacionais e/ou esportivas além de mudanças em alguns hábitos da rotina diária (que podem ser temporários ou até mesmo definitivos). Nessa fase inicial, analgésicos e anti-inflamatórios prescritos pelo Médico Ortopedista podem ser indicados, variando com a intensidade e regularidade da dor.
Uma vez identificada e afastada a causa da lesão e feitos os ajustes de atividade que geravam a sobrecarga, inicia-se o tratamento para controle da dor (analgesia), restauração estrutural do tendão (regeneração) e, por fim, a reabilitação funcional (reeducação neuromuscular). Crioterapia (aplicação de gelo), laserterapia, acupuntura, eletroterapia, terapias manuais, bandagens, órteses e, principalmente, os exercícios de fortalecimento muscular bem como o treinamento do gestual esportivo e/ou laboral são as diversas opções terapêuticas que a Fisioterapia utiliza para este processo de reabilitação.