Instituto Thera

Sobre a Tendinopatia do Glúteo

 

O QUE É?

A tendinopatia é um acometimento do tendão (transição entre o músculo e o osso) de um músculo. Esse acometimento pode se dar por uma inflamação ou uma lesão causando desgaste e degeneração. Dependendo da gravidade, pode levar a uma ruptura parcial ou completa do tendão. Em todas as situações, há comprometimento da biomecânica e da funcionalidade do músculo. Então, para entender a tendinopatia do glúteo, é necessário falar dos músculos glúteos e suas funções, uma vez que a deficiência funcional destes altera a biomecânica do quadril e sobrecarrega a articulação (do quadril e possivelmente das articulações adjacentes).

Três músculos do quadril são denominados glúteos: máximo (maior e mais superficial), médio e mínimo (menores e mais profundos). Cada um deles tem funções principais e também ajudam em outros movimentos de forma secundária. Mas todos tem atuação no quadril. O glúteo máximo realiza principalmente a extensão do quadril enquanto que o glúteo médio e o glúteo mínimo realizam a abdução do quadril e a rotação externa, respectivamente.

Os músculos glúteos, em conjunto, são responsáveis por estabilizar a pelve. Portanto, são os mais exigidos durante a marcha (caminhar) e corridas.

 
 

O aumento da carga de exercício de forma abrupta e o excesso de impacto do tendão contra proeminências ósseas são as principais causas de tendinopatia glútea. Traumas diretos e indiretos também podem causar essa inflamação no tendão. Há grupos em que esses riscos são maiores:

  • Idosos, pelo desgaste que acontece naturalmente no tendão a partir do envelhecimento;
  • Atletas de modalidades com alto impacto sobre o quadril uma vez que há constante sobrecarga sobre o tendão;
  • Mulheres, em decorrência de suas condições anatômicas e biomecânicas (o quadril é mais baixo e mais largo), além da queda hormonal consequente da menopausa.

Entre outros músculos do quadril que tem a mesma inserção, estudos identificaram que o glúteo médio é o que apresenta a maior incidência de sintomatologia para dores laterais no quadril por apresentar particularidades anatômicas. É importante orientar o paciente a evitar posicionamentos que sobrecarreguem ainda mais esse tendão como: sentar com a perna cruzada (tanto para o apoio de joelho quanto de tornozelo) ou dormir de lado com a perna acometida pra cima cruzada a frente do corpo.

QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS?

A inflamação decorrente da tendinopatia modifica os tecidos que compõem o tendão muscular. O resultado disso é a perda gradual de mobilidade do quadril.

Portanto, qualquer déficit na mobilidade do quadril, compromete sua funcionalidade (sentar, levantar, caminhar, correr) prejudicando a autonomia e qualidade de vida do indivíduo.

A dor se localiza na região lateral do quadril (região onde há inserção dos músculos glúteos) podendo haver irradiação pela face lateral da perna. Tem tendência a surgir durante a noite e pode ser acompanhada por queimação/formigamento e câimbras. Apresenta caráter mecânico, ou seja, normalmente aumenta com os movimentos. A espessura do tendão pode se apresentar aumentada.

COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico é feito por meio de um exame clínico que busca sinais de sensibilidade, de dor, perda de mobilidade e força, instabilidade pélvica e perda de função. O paciente poderá fazer um exame de ressonância nuclear magnética (RNM) ou ultra-som (USG) do quadril com o objetivo de avaliar o nível de comprometimento do tendão, identificar outras estruturas comprometidas, descartar outros diagnósticos e ajudar no planejamento do tratamento mais adequado.

QUAL O TRATAMENTO?

O tratamento das tendinopatias pode ser dividido em dois momentos. O primeiro tem como principal objetivo a analgesia, atuando diretamente na inflamação. A Fisioterapia apresenta possibilidade de diferentes ambientes (solo, água) e diversas técnicas de terapia manual, eletrofototermoterápicos, entre outras, aumentando as possibilidades de recuperação de forma individualizada para cada caso, respeitando a fase do tratamento.

Em um segundo momento, é importante fazer a correção de prováveis disfunções biomecânicas por meio de mobilizações, manipulações e exercícios. Inicialmente, exercícios isométricos submáximos são realizados em posturas com ausência de compressão (quadris levemente abduzidos), já que há evidências promissoras de que esse tipo de contração promove efeitos analgésicos duradouros em tendinopatias. Com a evolução do quadro clínico, exercícios excêntricos e funcionais visando a melhora do alinhamento dinâmico do membro inferior devem ser enfatizados. Exercícios de alongamento da musculatura glútea devem ser evitados uma vez que aumentam a compressão do tendão favorecendo a lesão.

O tratamento conservador apresenta ótimos resultados para a maioria dos pacientes, podendo resolver completamente o caso em algumas semanas. Entretanto, para os casos mais graves ou não responsivos podem ter indicação cirúrgica, apesar de raro.