Bursite trocantérica
Sobre Bursite trocantérica
O QUE É?
De maneira bem objetiva, a bursite trocantérica é uma inflamação da Bursa. A bursa é uma espécie de “bolsa” constituída de tecido sinovial cuja função é amortecer o impacto entre os tendões dos músculos da região lateral do quadril e uma região óssea bastante proeminente chamada trocânter (essa região óssea é aquela que incomoda quando ficamos muito tempo deitado do mesmo lado). Sendo assim, qualquer atividade que gere sobrecarga dessa musculatura e aumente o impacto na região, pode gerar esse processo inflamatório no tecido da bursa.
Acomete mais o sexo feminino, numa proporção de 4:1, e é bastante comum em atletas (principalmente aqueles que correm em planos inclinados, uma vez que utilizam bastante a musculatura dessa região para estabilizar o quadril). Outros fatores de risco são: a discrepância de comprimento nos membros inferiores e indivíduos com pelve larga e/ou trocânter proeminente. Pode estar associada à queixa de dor lombar em 35% dos casos e à artrite reumatóide em 15% dos casos.
Há diversas causas para essa inflamação:
– contusão desta região resultante de queda sobre o quadril ou traumatismo em algum objeto;
– pressão prolongada sobre o trocânter maior (deitar sobre o quadril ou ficar muito tempo na mesma posição);
– sobrecarga mecânica, resultante de atividade física ou de trabalho em excesso;
– relacionada a outras doenças como artrite reumatóide, gota, psoríase, patologias da tireóide, fibromialgia ou processos infecciosos;
– cirurgias prévias no quadril e/ou coluna, que podem mudar a biomecânica dos quadris.
– alterações hormonais (principalmente após a menopausa nas mulheres, causada por diminuição da lubrificação).
QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS?
A dor característica é a dor na lateral do quadril sobre o trocânter maior e muitas vezes na abertura e no fechamento da coxa em graus máximos de amplitude. Essa dor frequentemente irradia-se para toda a face lateral da coxa podendo chegar até o joelho. A dor, do tipo pontada ou queimação, piora com a palpação dessa região. Pode ser acentuada ao deitar sobre o quadril acometido, ao levantar de uma cadeira mais baixa (ou sair do carro), ao correr (principalmente em subidas e descidas), assim como subir ou descer escadas, dentre outras atividades que causem sobrecarga dessa musculatura.
COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO?
A avaliação e história clínica costumam ser conclusivas: dor localizada na região do trocânter com piora na realização dos movimentos que exigem ação dos músculos que se inserem nele. Entretanto, exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico descartando outras possibilidades associadas (como tendinites dos músculos glúteo médio e glúteo mínimo, artrose coxo-femoral entre outras) ou ainda identificando o grau de acometimento auxiliando, assim, na programação do tratamento.
QUAL É O TRATAMENTO?
A fisioterapia é considerada o tratamento de primeira escolha. Tem como objetivo principal reduzir o processo de inflamação, aliviar a dor, diminuir a sobrecarga sobre a bursa e tecido próximos (favorecendo a cicatrização) além de promover o reequilíbrio muscular necessário para restabelecer a função global do quadril. Ela contempla não só a assessoria no que diz respeito à qualidade de vida diária do paciente (incluindo orientações quanto a restrições de determinados movimentos bem como formas alternativas para sua execução, de acordo com a fase do tratamento) como também o tratamento direto na causa da inflamação, com recursos eletrotermoterápicos, e nas disfunções biomecânicas, utilizando recursos de terapia manual e diversos exercícios para reequilíbrio funcional da região.
É comum, e bastante frequente, que o médico indique um tratamento medicamentoso (infiltrações de corticóides ou anti-inflamatórios orais), em especial na fase mais aguda, quando o processo inflamatório é mais intenso e o paciente apresenta quadros de dor que limitam sua movimentação e atividades (do dia-a-dia e/ou esportivas). As cirurgias raramente são indicadas por apresentar baixo índice de melhora do quadro de dor. Mas com a devida indicação, pode ser realizada por via endoscópica ou aberta e consiste na ressecção da bursa trocantérica e, em alguns casos, liberação da musculatura da coxa. A Fisioterapia teria um importante papel no pós-operatório, ajudando no processo de cicatrização, prevenindo fibroses, restaurando a amplitude de movimento e restabelecendo a funcionalidade.