Tendinite do manguito rotador

O QUE É?

O manguito rotador é uma unidade funcional anatômica formada por quatro músculos que, além de proporcionar a movimentação de rotação interna e externa do membro superior, tem papel importante na estabilização da articulação glenoumeral do ombro (centralizando a cabeça do úmero na cavidade glenóide da escápula).

Os músculos que constituem o manguito rotador são: supraespinoso, infraespinoso, subescapular e redondo menor. Esses 4 músculos formam essa unidade chamada manguito rotador tanto pela funcionalidade comum quanto pela particularidade anatômica comum a todos: todos tem sua origem na escápula e suas inserções no úmero (braço). Desses 4 músculos, o supraespinhoso tem uma alta incidência de acometimento. Com a função de abduzir o braço (abrir lateralmente), antes de seu tendão chegar ao úmero passa por baixo de uma estrutura óssea (acrômio) que, em situações de instabilidade da articulação glenoumeral (articulação do ombro), pode gerar atrito, compressões e lesões em seu tendão.

A tendinite do manguito rotador (TMR) constitui a terceira causa de lesão musculoesquelética, sendo apenas ultrapassada pela lombalgia e pela cervicalgia. Afeta mais frequentemente o tendão do músculo supraespinoso.

A incidência das lesões aumenta com a idade, sendo, no entanto, os microtraumatismos e a sobrecarga profissional e/ou desportiva importantes causas em qualquer faixa etária.

A causa da TMR é multifatorial, resultando da combinação de fatores intrínsecos, extrínsecos e ambientais⁴. O desenvolvimento de dor no ombro depende tanto da intensidade quanto da frequência e da duração das atividades laborais (exemplos: posturas articulares extremas, manipulação de cargas e movimentos repetitivos do membro superior), assim como de alguns fatores de risco psicossociais.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

Um sintoma bastante frequente em pacientes com lesão do manguito rotador é a dor no ombro. Normalmente, ela aparece de modo insidioso e piora progressivamente com o passar do tempo. A dor ocorre na face lateral do ombro e, usualmente, piora no decorrer do dia. A perda de força para executar movimentos pode estar presente em parte dos pacientes, de forma leve ou intensa, chegando à impossibilidade de erguer o braço. Obesidade, tabagismo, sobrecarga da região do ombro e doenças metabólicas são fatores que aumentam o risco de lesão.

COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico pode ser feito por meio de exame clínico do paciente, amparado por exames de imagem, principalmente a ultrassonografia e a ressonância magnética do ombro. O uso de radiografias do ombro é raro mas pode fundamentar um diagnóstico diferencial excluindo outras doenças (como tendinite calcária, fraturas e osteoartrose do ombro, por exemplo).

QUAL O TRATAMENTO?

A escolha do tipo de tratamento é pautada principalmente na idade do paciente (já que algumas alterações são consideradas normais do envelhecimento), no tipo e intensidade de atividade física realizada em sua rotina diária (pessoal e de trabalho), na gravidade da lesão apresentada e sua conseqüente perda de força e função muscular.

O tratamento conservador é em geral aplicado quando há tendinopatia ou lesão parcial do manguito e inclui a prescrição de anti-inflamatórios e reabilitação fisioterapêutica. Nesses casos, a fisioterapia é fundamental para proporcionar a analgesia, otimizar o processo cicatricial, prevenir aderências, ganhar amplitude de movimento, promover o equilíbrio muscular para, enfim, restabelecer a função por completo dessa articulação.

O tratamento cirúrgico é indicado na falha do tratamento conservador ou em casos de ruptura completa (dependendo da idade do paciente) e costuma ser realizado por meio da técnica de artroscopia, um procedimento menos invasivo e bastante eficiente. A técnica de reparo aberto também pode ser utilizada para a correção cirúrgica da lesão. O pós-operatório costuma ser bem tolerado e a dor é controlada por meio de analgésicos.

De modo geral, as lesões parciais do manguito são de tratamento não operatório, com reabilitação, anti-inflamatórios e correção postural, laboral e esportiva.