Síndrome do piriforme
Sobre a Síndrome do piriforme
O piriforme é um músculo bem profundo do quadril. Localiza-se profundamente à musculatura das nádegas (abaixo do glúteo máximo), bilateralmente. Sua função principal é realizar o movimento de rotação externa do quadril (rotação da perna para fora), entretanto, apresenta importante papel na estabilização do quadril também.
O piriforme apresenta íntima relação anatômica com o nervo ciático uma vez que seu percurso passa por baixo de suas fibras. Sendo assim, é fácil de compreender que qualquer disfunção ou acometimento desse músculo pode gerar uma compressão do nervo acarretando dor e um aumento de tônus muscular. O mecanismo que leva a essa disfunção do músculo piriforme é bastante complexo: é uma perda do equilíbrio da região através de compensações fisiológicas, neurológicas e músculo-esqueléticas que tentam sinalizar que algo está errado no corpo, através da dor e do aumento do tônus muscular (contraturas). Algumas pessoas até possuem uma variação anatômica na qual o nervo ciático passa através das fibras do piriforme, o que torna o nervo ainda mais suscetível à compressão.
Uma vez que esse equilíbrio não tenha se restabelecido, a contratura muscular e a dor persistem perpetuando as limitações funcionais e intensificando o desequilíbrio pela perda contínua de força muscular e estabilidade da região do quadril. Dessa forma, é necessário que esse ciclo vicioso seja quebrado com liberação miofascial, mobilizações e manipulações que restabeleçam a funcionalidade e biomecânica muscular (mobilidade, propriocepção, força, alongamento e coordenação motora).
As principais causas de disfunção desse músculo são:
– variações anatômicas;
– treinos excessivos de hipertrofia de glúteos;
– ficar muito tempo sentado;
– atletas (principalmente os que atuam em esportes de impacto);
-traumas (indiretos ou diretos).
Qualquer pessoa está suscetível ao aparecimento de dores no quadril e, conseqüentemente, dores no músculo piriforme. Mas pessoas acima de 40 anos de idade e esportistas são mais suscetíveis.
QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS?
O sintoma clássico dessa síndrome é a dor glútea profunda com provável irradiação para perna. Há uma inflamação local além de congestão de vasos que passam pela região deixando a região bastante sensível à palpação. A dor aumenta ao ficar determinado tempo sentado e pode comprometer marcantemente as caminhadas.
COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO?
O exame clínico é muito importante para descartar outras patologias. Sua investigação é bastante desafiadora porque a dor pode se originar das estruturas glúteas propriamente ditas ou apresentar relação com outras muitas partes do corpo. Podem, por exemplo, ter relação com a coluna lombossacra, com a articulação sacroilíaca e o quadril provocando sintomas como dor por hérnia de disco, dor miofascial, sacroileíte, osteoartrose, entre muitas outras possibilidades.
Exames de imagem podem ser solicitados dependendo do quadro clínico e dos sintomas que precisam ser investigados. Normalmente as radiografias simples não apresentam alterações. As ressonâncias magnéticas podem identificar variações anatômicas e descartar outras causas da síndrome. A ENMG (eletroneuromiografia) investiga a atividade elétrica dos músculos identificando disfunções específicas que contribuem para o raciocínio clínico.
QUAL O TRATAMENTO?
O tratamento tem como objetivo principal o controle da dor. Então, inicialmente, é comum a associação de medicamentos (orais ou injetáveis) e fisioterapia. A cirurgia raramente é indicada nesse caso. Quando indicada, é realizada abordagem cirúrgica para alívio da compressão nervosa e possível alívio dos sintomas. Mas são casos muito específicos e mais raros.
Sendo assim, o tratamento conservador é o mais indicado. A fisioterapia tem um arsenal de possibilidades (terapias manuais, acupuntura, dryneedling, eletroterapia, hidroterapia, etc.) para restaurar e reabilitar essa musculatura de maneira assertiva e efetiva. É necessário promover a analgesia, identificar as disfunções biomecânicas que estão favorecendo a manifestação da síndrome e, através de manipulações e mobilizações, dar condições para que a vascularização e inervação da região voltem à sua normalidade. Para tanto, se faz necessário uma avaliação criteriosa para determinar o diagnóstico fisioterapêutico, através do qual se identifica a verdadeira causa da síndrome do piriforme bem como de todas as possíveis compensações que podem estar agravando os sinais e sintomas. Todas as regiões envolvidas devem ser tratadas para uma reabilitação completa. E como já foi dito anteriormente, como muitas regiões podem fazer parte desse quadro de disfunção do piriforme, pode ser que o quadril não seja a única região a ser tratada.
Faz-se necessário promover um reequilíbrio, com técnicas e exercícios em progressão para ganho de amplitude de movimento, força, alongamento e coordenação, além da reeducação que envolve o retorno às atividades, sejam elas de vida diária ou esportivas.