Instituto Thera

Sobre a Tendinite do Aquiles / Calcâneo

 

Os tendões são estruturas fibrosas, formadas por tecido conjuntivo, cuja principal função é conectar e transmitir a força muscular para a estrutura óssea, permitindo que o movimento corporal ocorra. Predominantemente formado pelo colágeno do tipo I, os tendões são capazes de suportar grande cargas tensivas e ao mesmo tempo possuem certo grau de elasticidade.

 Devido à pouca vascularização dos tendões, o processo inflamatório e reparatório deste tecido é comprometido, favorecendo as tendinopatias crônicas de difícil resolução.

Como qualquer outro tecido, os tendões podem sofrer adaptações de volume e tamanho, conforme o estímulo ou agressão gerada no tecido. Dependendo da intensidade, frequência e duração do estímulo/agressão, o tendão pode adaptar-se fisiologicamente ao processo ou evoluir para um quadro patológico que pode variar desde uma tendinite aguda/crônica ou calcificação, até uma ruptura total do tendão.

Embora a patogênese da tendinopatia é pouco compreendida e tem sido definida como uma condição degenerativa ou como uma falha do processo de cura, sabe-se que o processo envolve eventos de origem multifatorial, com fatores intrínsecos e extrínsecos. As características individuais do paciente, como aumento da idade, sexo e obesidade, mostraram uma correlação positiva com a fisiopatologia dos tendões. Fatores extrínsecos, como o uso de fluoroquinolonas (antibióticos) e corticosteroides, também mostraram levar ao enfraquecimento dos tendões, com tendinite associada e um risco aumentado de ruptura.

Fisiopatologia do tendão calcâneo

O tendão calcâneo ou tendão de Aquiles é um dos mais importantes e resistentes tendões do corpo. Ele é formado pela união dos músculos gastrocnêmio e sóleo (tríceps sural), com inserção no osso calcâneo. O tríceps sural apresenta função na articulação do joelho e tornozelo, participando dos movimentos de flexão do joelho e flexão plantar do tornozelo, apresentando importante função na marcha e em outras funções que envolvem o tornozelo e pé.

Embora tenha as suas particularidades e peculiaridades, a fisiopatologia do tendão calcâneo segue os mesmos preceitos dos demais tendões do corpo, pois pode ser aguda ou crônica, bem como, afetar atletas e não atletas.
A tendinite do tendão calcâneo pode ser dividida em tendinopatia insercional que envolve a porção inferior do tendão calcâneo e tendinopatia não-insercional que acomete as fibras da porção média do tendão calcâneo, onde ocorre o espessamento e possibilidade de ruptura do tendão.

 
 

Tratamento nas lesões crônicas

A primeira linha de opção éo tratamento conservador através de controle do stress mecânico, que significa afastar ou reduzir a prática de atividade física ou outro tipo de uso excessivo do tendão.

Tratamento com medicamentos analgésicos/anti-inflamatórios é comumente utilizados nos casos em que a dor tornou-se incapacitante.

A fisioterapia é indispensável, fazendo uso de recursos como os eletrotermoterápicos (Laser, Ultrassom, Tens, Ondas de Choque, entre outros) e, especialmente, a prescrição de exercícios de fortalecimento progressivo.

Tratamento nas lesões agudas

A lesão aguda com a ruptura do tendão calcâneo é uma lesão bastante frequente, mais comum na população jovem de meia-idade (entre 37 a 44 anos) do sexo masculino.

As duas principais opções para o tratamento conservador são a imobilização por quatro semanas e o suporte funcional com a reabilitação precoce. O tratamento cirúrgico pode ser utilizando com uma abordagem aberta ou uma abordagem minimamente invasiva.

A decisão sobre o tratamento conservador ou cirúrgico deve ser compartilhada com o paciente, levando em consideração as condições físicas do indivíduo (atleta, amador ou sedentário) e os tipos de atividades (esportivas ou não-esportivas) realizadas pelo paciente, bem como, devem ser explicados os riscos e benefícios do tratamento conservador e cirúrgico.

De qualquer forma, existe um consenso que o processo de reabilitação com Fisioterapia deve estar presente em ambos os procedimentos, de forma progressiva e respeitando os aspectos biológicos do processo inflamatório e reparatório do tecido para a recuperação adequada do paciente em suas atividades.